quarta-feira, 10 de março de 2010

Decisões difíceis

Durante a gestação passei por várias fases e momentos, algumas tranquilas e outras bem turbulentas, mas de todas elas acho que a pior coisa é "desencantar"... Em todos os sentidos.
Quando estamos gerando um ser, nossa sensibilidade aumenta e nossa percepção do mundo também. Comeceia ver as coisas com outros olhos, que quando não estavam marejados e perdidos em lágrimas estavam atentos ao mínimo movimento e menor reação ao meu redor. Foi durante e após a gravidez que pude sair do mundinho imaginário no qual insistia em viver e conhecer a realidade dura como ela adora ser. Ser pisciana é fogo! rsrsrs
Me desencantei primeiro dos meus "heróis"; os quais pude notar que não eram tão corretosnem coerentes assim, talvez até nem tão humanos como pareciam ser... Depois descobri que meu príncipe encantado era um sapo!!! E o pior é que eu sabia disso o tempo todo!
Depois de tantas tentativas de convivência, com todas essas pessoas (que reconheço, em alguns momentos me valeram), descobri que chegaria em breve a hora de rumar nessa aventura sozinha. A primeira pessoa convidada a deixar o barco foi o pai de minha filha.
Admito tudo num homem, menos a hipocrisia para com os seus, pior ainda quando se trata de filhos. Se não querem se dar ao trabalho de serem responsáveis por uma vida tão indefesa, do que mais são capazes de neglingenciar??? Carinho, amor, atenção? Meu Deus muitos tiveram isso de sobra. Será que sobrou tanto que eles não conseguem passar adiante? Ou será que foi tão escasso que eles não têm a capacidade de fazer diferente??? Só sei de mim. E prometi a mim mesma que não seria capaz de impedir que minha filha sofresse um dia, mas jamais contribuiria com o sofrimento dela, nem deixaria que acontecesse a ela as coisas negativas que me aconteceram na infância. Eu estarei sempre ao lado dela defendendo-a como uma leõa defende suas crias.
Acho ridículo um homem ter a coragem de contribuir mensalmente com as despesas do ser que ajudou a gerar (ou até criar) com míseros R$60,00... Ou pior! Quando um valor próximo a esse fica acertado pro ambas aspartes diante de um promotor/juíz da infância que com toda a certeza sabe que esse valor não dá pra cobrir as despesas de um filho, mesmo que se calcule para ambas as partes! R$120,00???E quando sobra para os pais desse homem arcar com as consequências de atitudes que ele tomou sem a menor ajuda deles. Ao menos não lembro de nenhum homem que tenha precisado da presença dos pais para procriar... Pronto falei!
Foi e ainda é muito difícil na nossa sociedade ser MÃE SOLTEIRA, falo por experiência própria, e olhe que até bem pouco tinha uma situação bem avantajada comparada à outras mães solteiras da minha idade. Tinha um emprego com um salário rezoável, que dava suficientemente para sustentar a mim e minha filha, mas isso são outros quinhentos.
Procuro criar minha filha sem nenhuma mágoa ou rancor por não ter a figura do pai, mas confesso que é difícil. Principalmente por ela estar na terrível fase do por que. Ela faz cada pergunta complexa... E sai com cada uma... Hoje ela me disse que não ama o pai.
Perguntei o motivo e ela respondeu firme e seca:
Só devemos amar quem está no nosso coração e meu pai nunca está nem perto, quanto mais dentro dele.
Eu fiquei sem ação e sem saber o que dizer... Ela só tem 6 anos e já pensa isso? Seis anos completos dia 1 desse mês de março, e sabem quantas vezes o pai dela ligou ou esteve presente nesse dia? NENHUMA. Nem na pascoa, nem dia das crianças, nem natal, nem num sábado ou domingo qualquer... Falta de tempo? Ele não está trabalhando, ou pelo menos alega isso... Sei lá...
Infelismente não somos nós mães quem perdemos, e eu sinto muito por esses pais ausentes pois ainda não sei se descobriram um meio de voltar no tempo...