sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cadê o papai?

Já contei em outros posts como pai de minha filha se mostrou ausente em diversos momentos de minha gestação. E não foi diferente depois que ela nasceu! Durante a gravidez, eu ficava me inventando mil desculpas para as atitudes dele, achava que no fundo ele não estaria preparado para a responsabilidade que viria; que quando Marya nascesse tudo iria melhorar, mas foi um ledo engano.
Desde o enxoval à tudo o que minha filha precisou ao nascer, fui eu quem deu conta da parte financeira. Quando engravidei ele trabalhava (tá bem que era só temporário, um bico) mas ao completar três meses ele me disse que tinha sido demitido. Fiquei preeocupada, mas pensei: dá-se um jeito! Mas que jeito? Ele passou a gestação toda sem trabalhar!!! Tive que arcar com aluguel e despesas de casa (pois fomos morar juntos, por opção dele), o enxoval da menina fui eu quem comprou... Lembro da minha felicidade por ter conseguido comprar tudinho, foi simples mas tudo bonitinho. Lembro também do desdém da parte dele quando me pus a mostrar peça por peça! Depois ele justificou dizendo que tinha ficado triste por não poder compartilhar na compra... Eu acreditei.
Só que tudo mudou quando Marya Clara nasceu. Acho que nem mudou tanto, mas comecei a ver o mundo com outros olhos, principalmente ele. Não tinha o menor cuidado com a menina (até tentou umas vezes), mas eu ficava pra morrer quando ele chegava sujo da rua e ia direto para o quarto, tirava as roupas suadas, cheias de peira e jogava lá no chão do quarto! Tinha uma tia cuidando de mim, que vivia reclamando dele e eu ficava toda sem jeito. Mas sempre arrumava uma desculpa...
Quando a menina completou usn 10 dias tivemos que nos mudar para outra casa, na mesma rua em que minha mãe morava, pois assim ficava melhor pra ela me ajudar a cuidar do bebê. Na casa em que nos instalamos (era de uma prima que não a usava), a água era de poço, mas com um pouco de ferrugem; todos os dias tínhamos que ir buscar água na casa de minha mãe para dar banho na menina, ferver as mamadeiras... Mas quem disse que ele tinha coragem de ir buscar? Eu ficava pedindo, pedindo, até que passava muito da hora de minha filha tomar banho e eu acabava chamando um garoto na rua pra ir buscar a água, e pagava por isso.
Acho que aí foi a gota d'água! Pois eu admito qualquer defeito numa pessoa, menos ser neglingente com uma criança.
Depois disso começaram as saídas... Ele dizia que sentia saudades da mãe, e ia pra casa dela passar o fim de semana; na segunda eu ficava sabendo que ele tinha saído pra farrear... Isso foi me tirando do sério sabe? Cada vez que ele vinha pra casa eu pensava: "Hoje eu me separo!" ; mas faltava coragem...
Só quando Marya Clara completou um mês, eu tive confiança para enfrentar tudo sozinha. Quando ele chegou, eu disse que queria conversar, e falei tudo o que estava engasgado, o mais calma possível. Disse que fosse embora de vez, que não estava dando certo, que se ele não tinha capacidade pra ser um bom pai pra minha filha, eu preferia ficar sozinha. E ressaltei várias vezes: "A gente tá se separando, mas a menina continua sendo sua filha. Venha visitar ela, sempre que quiser, quando ela estiver maiorzinha você leva pra passar fim de semana..."
Tudo parecia resolvido. Parecia! Porque ele só visitou a filha um mês depois e sumiu.
Por mais de três anos...