terça-feira, 8 de junho de 2010

Ops... Tem algo errado (parte II)

Quando minha tia Vânia e minha prima Suzana chegaram ao hospital, eu já estava com dores insuportáveis, chorando mesmo... Juli explicou a elas tudo o que tinha acontecido, e eu nem lembro mais o motivo nem o momento que Juli teve de ir. Tia Vânia foi à recepção saber o motivo da demora no atendimento; informaram que o obstetra de plantão estava chegando (de jegue rsrsrs ela me disse), que teríamos que aguardar. Ela se posicionou na porta da enfermaria e o primeiro médico que passou foi puxado pelo braço e trazido à minha cama.
- Doutor pelo amor de Deus, minha sobrinha já está aqui faz mais de uma hora e não foi atendida, nem transferida para um quarto (meu plano cobria apartamento), veja o que o senhor pode fazer. - entregou a ultrasom e o parecer do médico solicitando urgência.
Depois das perguntas de praxe, o médico me encaminhou para fazer outra ultrasonografia, desta vez no hospital. Fiz o exame e o toque,  e pela cara dos médicos deu pra entender que não era coisa boa. Voltei pra enfermaria. O médico pediu pra falar com minha obstetra, fiz a ligação e passei o telefone pra ele.
Com paciência ele me explicou que iriam fazer uma urocultura (exame de urina) para detectar a causa das contrações e que eu evitasse ao máximo fazer qualquer tipo de força. O que foi importantíssimo saber pois à essa altura eu já estava tentando fazer força para parir, queria que ela nascesse logo pra acabar com aquela dor.
 _Não faça força de jeito nenhum! Não é contração para parto!- a voz firme do médico me assustava mais ainda...
Depois do exame, seria levada para o apartamento; que estava sendo preparado para me receber, eu timha que tomar no soro uma medicação para diminuir as contrações, mas o soro era pra ser ligado à um aparelho elétônico que depois de instalado, não podia ser desligado para que eu fosse transferida até o apartamento.
Passou mais uma hora e nada de virem me buscar... E aquela dor insuportável...
Lembro de em um momento olhar para o lado e ver Suzana, que tinha apenas 11 anos na época, ajoelhada segurando o terço e rezando baixinho. Chorando. Aquilo me comoveu e o amor fraternal que sentia por ela multiplicou-se ao ponto de hoje nos considerarmos irmãs. E assim tratarei ela durante o restante desse relato.
Suzana não saiu do meu lado, enquanto tia Vânia ia num vai-e-vem sem fim. Enfermaria-recepção. Recepção-enfermaria. Já impaciente ela foi procurar saber porque estavam demorando tanto, se o caso parecia sério.
-O apartamento já está pronto? - perguntou à recepcionista
-Está senhora, tenha calma que estamos aguardando uma cadeira de rodas para transferí-la ao quarto...
Ela mal terminou e tia deu as costas e voltou pra ficar ao meu lado; esbravejando ameaçando processar o hospital caso acontecesse algo ao bebê. Em poucos minutos uma cadeira foi deixada próximo a cama que eu estava. Dessa vez foi minha irmã quem foi na recepção.
-Moça, a cadeira já está lá na enfermaria, minha irmã vai pro apartamento agora?
-Daqui a pouquinho, estamos aguardando um maqueiro para transportar sua irmã.
Suzana voltou para o quarto indignada! Quando contou à minha tia, ela não teve dúvidas: me fez sentar na cadeira de rodas, pegou os examens, pertences e foi me empurrando enfurecida pelo corredor do hospital; chegando na recepção, foi impossível não ver a surpresa no rosto da atendente...
-Qual é o quarto que ela vai ficar? - a voz da minha tia cortante como navalha
-Quarto 202... Mas a senhora não pode... - em vão a recepcionista tentou impedir minha tia de sair me empurrado hospital adentro. "O que não posso é deixar ela esperam mais um minuto!" gritou quando ntrou no elevador.
Chegando ao quarto, em pouco tempo as enfermeiras vieram fazer a medicação prescrita; que não surtiu muito efeito. Com toda essa confusão  eu nem chamei enfermeira nenhuma pra reclamar, liguei pra minha médica e minha tia falou com ela. Ela ficou sabendo do que ocorreu e ligou no mesmo instante para o hospital, falou com o obstetra de plantão (que nem tinha vindo ainda me ver) e fez nova receita, avisando que estaria lá em meia hora e queria que eu já estivesse melhor.
Quando Dra. Marta chegou, a medicação já tinha sido trocada por uma mais forte, a dor já estava mais suportável parecida com a que estava sentindo pela manhã e só então eu fiquei realmente sabendo o que estava acontecendo. Fui diagnosticada com infecção urinária, porém a causa da infecção era uma bactéria muito resistente que estava causando as contrações fortes. Realmente eram contrações semelhantes às do parto; com a diferença de que eu não possuía nenhuma dilatação. O motivo pelo qual eu não poderia fazer força era simples: como se tratava de uma gestação e a bactéria era muito forte e resistente forçar um parto poderia romper o tecido uterino ou da bexiga, e eu teri uma hemorragia interna que poderia afetar meu bebê. Também para proteger o bebê eu não poderia tomar os antibióticos necessários para combater a bactéria, e as contrações poderiam voltar mais fortes.
Passei três dias internada. Minha mãe só chegou no dia seguinte depois que tia Vânia ligou contando o meu estado. Foram três longos dias, tentando reduzir a zero as contrações... Quando recebi alta, Dra Marta receitou dois medicamentos que eu deveria tomar até a data marcada para o parto; que tinha de ser cesariana para não haver risco para mim ou minha filha. Fiquei triste mas me conformei, afinal ela estava bem. Para evitar as contrações eu deveria tomar os dois remédios: um para segurar a gestação até os nove meses e um antibiótico leve, dosagem para um bebê, para diminuir a atividade da bactéria, já que não podia combetê-la.
Eu tive que me instalar na casa de minha tia Vânia, pois morava longe (65 km do centro) e não podia pegar ônibus; a casa de minha mãe era de difícil acesso, dificultando minha locomoção, e a casa de meu pai muito cheia já que tenho quatro irmãos e sempre tem visita por lá. Eu deveria ter dois meses de repouso absoluto.

Graças a Deus tudo correu bem e minha filha pôde nascer com saúde e segurança. Tive contrações outras vezes mas nada muito intenso e preocupante, meu pré-natal deixou de ser mensal e passei a frequentar o consultório de Dra Marta semanalmente.
Toda essa aventura aconteceu no dia 06/01/2004, Marya Clara nasceu no dia 1º de março com saúde, e a recuperação da cirurgia foi ótima.

Ops... Tem algo errado (parte I)

Quando completei sete meses de gestação tudo estava bem; já tinha comprado o enxoval, já tinha lavado e passado tudinho (é muito gostoso), estava conseguindo trabalhar normalmente... Até que um belo dia...
Acordei de madrugada com uma dorzinha na barriga, parecia uma cólica sabe, mas um pouquinho mais intensa; virei várias vezes na cama até encontrar uma posição que me fosse mais confortável. Dormi sentada.
Pela manhã fiz tudo como de costume, me arrumei pra trabalhar, cuidei da casa, e a dorzinha de vez em quando ia e vinha, mas tudo bem suportável. Cheguei no trabalho, realizei minhas atividades como de costume, e contei pra minhas primas que estava sentindo um pouquinho de desconforto. Como já tinha acontecido de sentir algumas dores (sempre que me aborrecia ou ficava ansiosa) e algumas vezes eu ia ao hospital e não era nada, deixamos para lá.
 A dor foi ficando cada vez mais forte e frequente, e quando fui almoçar sentia a barriga ficando dura, doendo aí depois passava. Os meus primos (trabalhávamos juntos) começaram a notar meu desconforto e as meninas que já tiveram filho procuraram saber melhor sobre a dor. Contei como havia começado e que ao longo da manhã estava aumentando a intensidade e diminuindo o espaço entre uma e outra.
" Isso é contração! Será que vai nascer agora???" disse um prima.
Fiquei apavorada, e então fui falar com meu padrinho. Ele estava em reunião com alguns fornecedores e quando cheguei na sala, elles me olharam e disseram: O que vc tem, está pálida?
Expliquei o que estava acontecendo e fui liberada para ir à médica. Liguei para o consultório e ela me informou que estava saindo para fazer um parto de emergência. Contei o que acontecia e combinamos de eu ir ao consultório pegar a requisição para fazer um ultrasonografia. Dra. Marta me aconselhou a esperar a orientação do médico que faria o exame.
Começa a correria. Já era umas 16:00hs
Andei quase 1km até chegar na parada para apanhar o ônibus que passava mais próximo do consultório da Dra. Marta, o cobrador percebeu que eu não estava bem (a essa altura a dor estava ficando muito intensa) e quando pedi parada para descer do ônibus ele perguntou pra onde eu ia. Quando expliquei onde era o consultório, eu teri que andar mais uns 500m, ele desceu do ônibus comigo, parou um táxi e me deu R$10,00. Na hora da agonia, eu saí do trabalho só com o dinheiro da passagem... O taxista me levou até o consultório e o porteiro do prédio que já em conhecia, correu e me entregou a requisição do exame.
Pedi ao taxista para me levar à clinica onde fazia a ultrasom. No caminho liguei pra minha mãe pra avisar; mas como eu disse, já aconteceu antes de eu ter dor e não ser nada, ela não deu muita importância. Lembrei que teria que autorizar o exame para fazer, já eram 16:40hs. Liguei pra clínica; o médico já estava pra encerrar o atendimento, pedi para falar com ele e expliquei o caso, ele se dispôs a esperar. Liguei pra uma prima, a Juli e pedi pra ela ir para a clínica encontrar comigo e adiantar a autrização do exame, enquanto eu ia fazendo o procedimento. Quando cheguei ela já estava lá. Pedimos ao taxista que aguardasse. Entrei para fazer o exame e Juli foi correndo autorizar. Ao terminar, o médico disse: "Vá imediatamente para uma maternidade pois você está em trabalho de parto, mas sem dilatação alguma, não é normal." Ele explicou para Juli, o que devíamos fazer e nos indicou um hospital próximo; pediu o telefone da minha médica e quando saí de lá ele estava falando com ela.
No caminho à maternidade liguei pra minha tia Vânia e contei o que estava acontecendo e ela disse que iria para lá ficar comigo. Juli me acompanhou até o hospital, entrei logo pra enfermaria e ela foi dar entrada. Já era quase 18:00hs. Alguns minutos depois tia Vânia chegou e eu ainda estava na enfermaria e não tinha sido atendida por nenhum médico.