
As pessoas mais importantes, foram as que escolhi para contar primeiro: mãe, pai (o meu), pai (o dela), padrinho e madrinha (por quem tive muito respeito e consideração)... E com certaza, nenhum deles receberia a notícia com muito entusiasmo.
A primeira pessoa a quem contei foi minha madrinha; que na época tínhamos muita afinidade e era a pessoa em quem eu mais confiava. Meu plano de saúde estava uns dias atrasado e resolvi ir no trabalho dela pra conversar. Ela notou de imediato que algo estava acontecendo e perguntou logo o que eu queria contar pra ela. Era assim, ela me adivinhava... Repirei fundo e comecei dizendo que estava com um problema para resolver e que precisaria de ajuda.
-Grande ou pequeno?- ela perguntou
-Agora está pequeno, mas vai crescer muito...- respondi.
Pronto, não precisei dizer mais nada, ela perguntou se já tinha feito o exame, eu disse que não por conta do atraso no pagamento do boleto. Ela me deu o dinheiro e fiz o exame no mesmo dia.
A segunda pessoa a saber foi uma tia que amo muito e estava lá nesse dia.
-Meeeeeeeeeeeeu Deeeeeus...- foi a primeira reação dela e a segunda foi um abraço aconchegante que nunca vou esquecer (tia Vânia, te amo).
A terceira pessoa pra quem contei foi minha mãe; nunca tivemos uma relação muito boa e eu sabia que ela iria ficar brava quando soubesse mas ela tinha que saber. Dei a notícia no ônibus. Vê se tem lugar melhor? rsrsrs mas como eu sabia que ela ia me passar o maior sermão, reclamar, brigar, e mais, eu pensei que se contasse no ônibus ela não iria poder fazer isso (não na hora) e depois que ela estivesse refeita, a bronca viria mas em proporções menores...
-Mãe, tenho uma coisa pra dizer que a senhora não vai gostar...
-O que é? Fala logo que tu sabe que eu num gosto dessas coisas.
-Eu tô grávida e...
-VOCÊ NÃO TÁ NEM DOIDA!!! - ela nem deixou que eu terminasse e berrou.
-Mãe, fala baixo que a gente tá no ônibus...- eu sabia que ia ser assim (por isso o ônibus).
-Teu tio vai te matar...
Essa foi toda a reação dela, e no nosso percurso de quase uma hora e meia até o trabalho ela ficou muda e olhando o vazio... E eu me sentindo cada vez pior...
A reação dela ainda foi tranquila perto do meu padrinho; ele que havia ajudado a me criar, me mostrando valores e princípios de um verdadeiro estrangeiro (ele é francês), não iria aceita que a "filha" dele, que foi criada para ser uma mulher de sucesso teria seu futuro desviado por uma gravidez que atrapalharia vida profissional, estudos e até um casamento promissor.
Eu não consigo lembrar bem como foi que eu contei ao meu padrinho, só lembro dele me dizer que o tinha decepcionado e que não era esse futuro que planejava pra mim, ele passou muito tempo chateado e sempre que surgia uma oportunidade ele comentava sobre minha gravidez, que seria uma criança cuidando de outra, e coisas do tipo. Isso durou por toda a gestação.
Já com meu pai foi diferente. Fui passar o domingo com ele e disse que queria conversar. Depois de almoçarmos ele me chamou no quintal e me perguntou o que havia.
-Pai, vamos ter que mandar o IBGE refazer a contagem. -ele ainda perguntou mas já sabia a resposta- o senhor vai ser vovô.
Daí em diante foi só confirmar com o exame e me preparar para o que viria pela frente. Um ano antes, minha prima engravidou e ficou com medo da reação da família, escondemos (nós primas já sabíamos) por uns cinco meses. Hoje me arrependo (e ela também) de ter guardado esse segredo, pois ela precisava fazer os exames pré-natais, foi uma agonia pra preparar enxoval, fazer um plano com parto parcelado, exames pra saber se o neném tava bem, acho que essa foi a maior loucura que fizemos.
Quis que comigo fosse diferente, comecei a contar não tinha nem três semanas (acho que foi medo), e assim pude me preparar para tentar ter uma gestação o mais tranquila possível (apesar de não ter tido muito sucesso) hehehe mas tudo o que passei valeu a pena pois minha florzinha já vai fazer 6 aninhos e nos amamos muito.
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